17 dezembro 2011

BREGA.

O bom de ser brega
É não ter mais pudor,
Despudorar
Deixar de ser certinho
“desacertar” “desacelerar”
E se ser brega é falar de amor, breguiei.

Se breguiei,
Se errei,
Não me importei.
Mas só depois que inventei o breguiar
Que não conjuga o próprio verbo.
Reparou?

Coisas Minhas

Onde ver?
Faz-se a pergunta!
Que desnuda alma se encanta

Os poemas de Neruda,
As letras do Chico de Holanda,
A menina que roubava livros no quintal,
Shakespeare separando amantes no final.

De onde vem tanta loucura?
Que de amante assim se veste

O visceral de Plínio Marcos,
O distanciamento de Brecht,
O sarcasmo de Veríssimo enrugando olhares
100 anos de solidão, rascunhados pela mão

O cheiro da dama da noite e do jasmim,
A espera de um milagre, afeito em mim

Todos os Poetas Mortos
O lirismo de outras fotos
O final sem fim
O que tem
Linda moldura?
Só de olhar tanta dor cura

Dessas cores de Almodóvar
Rabiscada gravura
Quem não vê, já sabe
Quem olha, procura
E quem for embora
Verá só figura

Toda minha essa mistura.