18 dezembro 2009

O motivo da série "Azul como os olhos teus"


"É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais.

Quando eu lhe dizia:
"- Me apaixono todo dia
E é sempre a pessoa errada.
"Você sorriu e disse:
"- Eu gosto de você também."

Só que você foi embora cedo demais
Eu continuo aqui,
Com meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você em dias assim
Um dia de chuva, um dia de sol
E o que sinto não sei dizer.

Vai com os anjos! vai em paz.
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez.

É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais

E cedo demais
Eu aprendi a ter tudo o que sempre quis
Só não aprendi a perder
E eu, que tive um começo feliz
Do resto não sei dizer.

Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre mais eu sei
Que você está bem agora
Só que este ano
O verão acabou
Cedo demais"
"E se não doesse como dói,
E se não sentisse tanto a sua falta.
Dia sim, dia sim.
E se a menina dos olhos d'água não tivesse tanto motivo pra chorar!
Te Amo Sempre Pai."

14 dezembro 2009

Azul como os olhos teus.


"Eu não sei
Se vem de Deus
Do céu ficar azul
Ou virá
Dos olhos teus
Essa cor
Que azuleja o dia...

Se acaso anoitecer
E o céu perder o azul
Entre o mar e o entardecer
Alga marinha, vá na maresia
Buscar ali um cheiro de azul
Essa côr não sai de mim
Bate e finca pé
A sangue de rei..."


Saudades...

07 dezembro 2009

04 dezembro 2009

Lorca. Federico, falando por mim!


"Eu pronuncio teu nome nas noites escuras
quando vêm os astros beber na lua
e dormem nas ramagens das frondes ocultas.
Eu me sinto oco de paixão e de música.
Louco relógio que canta mortas horas antigas.
Eu pronuncio teu nome nesta noite escura,
e teu nome me soa mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.
Amar-te-ei como então
alguma vez?
Que culpa tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranquila e pura?
Se meus dedos pudessem desfolhar a lua!!!"
Queria que você visse...

Acordei.


E saiu da minha boca...
"O espelho não me prova que envelheço
Enquanto andares par com a mocidade;
Mas se de rugas vir teu rosto impresso,
Já sei que a morte minha vida invade.
Pois toda essa beleza que te veste
Vem do meu coração, que é teu espelho;
O meu vive em teu peito, e o teu me deste:
Por isso como posso ser mais velho?
Por tanto, amor, tenhas de ti cuidado
Que eu, não por mim, antes por ti, terei:
Levar teu coração tão desvelado
Qual ama guarda o doce infante, eu hei.
E nem penses em volta, morto o meu
Pois para sempre é que me deste o teu."

03 dezembro 2009

Quando falta fé demais...


Eu acredito em Deus...
Ele é que não acredita em mim!

Preciso de silêncio, minha voz está em coro...

"Meu riso, inibe o choro."
Por mais que eu tente, que eu grite, que eu fale...
Não consigo ser ouvida, entendida, vivida.

Sim estou cansada, o desabafo já não adianta, não para que(m) preciso.

"Meus piores inimigos podem morar aqui, meus amigos mais amados podem morar aqui, duas tropas, mil soldados podem morar aqui..."

Tenho deixado que morem, que vivam, que façam a própria vontade.
Aqueles olhos, aquela água, que retornam, revoltam e reviram, mas não mudam.
Também mereço que nesse vale se estenda uma mão, uma solução, a minha...
Mas se fosse batedeira você entenderia, finge que cabe, mas nao cabe, assim nessa batedeira, sendo batedeira você não entenderia. Você não entende mesmo!
Nem faz força pra entender, quer saber ... CANSEI!

Sob.O.Meu.Olhar.




Tudo é uma questão de foco.
É o que sente e sai da objetiva dos meus olhos.
Que penetra, encanta e possui.
Que trás lembranças, que faz chorar, faz sorrir.
Que cola na pele como tatuagem, que queima a retina, que sai pelos poros.
Provoca?
O que sinto não sei dizer...
As reticências dominam e falam por sí, por mim.
Da série que não tem nome,
Ainda.

Você não leu o aviso que coloquei no corredor.

"Não chegue perto de mim, meu analista falou, você não é tão ruim, SÓ NÃO ENTENDE DE AMOR!"

01 dezembro 2009

Onde a dor dói?



"Onde a dor dói depende de onde a dor foi, por onde a dor vem e prá onde a dor vai.
Porque a mesma dor está indefinidamente de passagem por lugares diferentes.
Há dores que os doutores sabem explicar perfeitamente, mas não conseguem retirar a dor da parte doente.
É o luxo de uma falação.
Uma luxação, ou apenas uma teoria do que a dor doeria, já que uma dor referida em geral não dói mais.
Assim, em tese, também não dói menos, por não resistir a qualquer referência, considerando que qualquer dor é uma insistência de se imolar, rebolar, revirar, mas persistir em alguma coisa.
Há casos de dores que nos acomentem em membros ausentes e por pessoas distantes que nem se amolam de se lembrar da gente! Mas as dores incomodam sem parar quando se pára pra pensar em seu movimento renitente.
Você pode nem se lembrar que dói, até que sente a dor vibrar internamente.
Pode ser num dente cariado que quer mastigar o alimento, no estômago enjoado que não consegue digerir um condimento ou na mente perturbada que não consegue decifrar um pensamento que teima em latejar os seus tormentos, pode ser uma dor no corno de quem procura sarna pra se coçar, o gozo manhoso do masoquista que gosta de apanhar, o caroço caloso de um tumor no osso, um quisto sebáceo no pescoço chupado, um braço fraturado ou uma dor no braço destroncado, como um Cristo viciado que tivesse carregado uma cruz de pecados e não pudesse despejar os próprios cacos no regaço de um buraco.
É bom dar atenção ao fato de que a dor é um aviso.
A sinalização de um prejuízo que ainda vai acontecer.
É uma dor de matar, mas que não chega a morrer, porque o objetivo dessa dor não é se curar, mas permanecer para irritar, complicar, interferir e destruir.
É uma dor de cabeça que eu vou te contar.
Um boneco de arame que se amassa. Um vexame que se passa. Uma bosta já basta.
É uma miragem que se atravessa.
Uma tatuagem que se aplica na testa.
Há uma dor generalizada, criada pelo deprimido pra se aprofundar em nada. Uma dor de marmelada, mas que pode doer tanto quanto uma facada no peito.
Todos temos um coração a zelar, zerar ou gelar, conforme queiram uns e outros que preferem esquecer para não sofrer.
A memória é fraca para suportar o peso de tanto desamor.
É uma doeção feia que bate no ponto nevrálgico de um cartão de compromissos mixos, salários baixos e um profissionalismo ridículo, conformando um estado de nervos com as contas a pagar e as migalhas a receber.
Há muita dor em sobreviver nessa situação. A condição de quem já lutou pelo ócio, resta apenas implorar pela droga do vício do trabalho.
"Quem paga o pato não o saboreia", diz a velha sabedoria.
A dor, em si é antiga e sentida por todos os antepassados que herdaram problemas hereditários, mas continua moderna essa dor de preocupação constante e chata, que insiste sem parar até encontrar a localização exata da casca pra cutucar e doer a sua natureza.
É uma dor localizada com certeza, mas que, no instante em que se toca com a mão, a irritação da esfregação das asperezas se espelha, se duplica e se espalha pela espinha, por condutas infinitas, terminações nodosas e combinações torturantes.
Não tem começo a mecha que detona a bomba desse processo.
É o susto de uma explosão súbita, como a tensão incendiária de uma dúvida, uma pergunta que não cabe na conjuntura, mas que dura uma eternidade. No entanto, nós insistimos nas apostas. A que será que se destina? Ficar. Fincar. Espremer. Roer até doer... E assim, esperando essa dor passar, se aprende a deixar a dor doer...

Grande Fernando Bonassi!

"Azul Como Os Olhos Seus."



Quando dá vontade de chorar de tanta saudade.
A primeira da série "Azul Como Os Olhos Seus."