17 dezembro 2011

BREGA.

O bom de ser brega
É não ter mais pudor,
Despudorar
Deixar de ser certinho
“desacertar” “desacelerar”
E se ser brega é falar de amor, breguiei.

Se breguiei,
Se errei,
Não me importei.
Mas só depois que inventei o breguiar
Que não conjuga o próprio verbo.
Reparou?

Coisas Minhas

Onde ver?
Faz-se a pergunta!
Que desnuda alma se encanta

Os poemas de Neruda,
As letras do Chico de Holanda,
A menina que roubava livros no quintal,
Shakespeare separando amantes no final.

De onde vem tanta loucura?
Que de amante assim se veste

O visceral de Plínio Marcos,
O distanciamento de Brecht,
O sarcasmo de Veríssimo enrugando olhares
100 anos de solidão, rascunhados pela mão

O cheiro da dama da noite e do jasmim,
A espera de um milagre, afeito em mim

Todos os Poetas Mortos
O lirismo de outras fotos
O final sem fim
O que tem
Linda moldura?
Só de olhar tanta dor cura

Dessas cores de Almodóvar
Rabiscada gravura
Quem não vê, já sabe
Quem olha, procura
E quem for embora
Verá só figura

Toda minha essa mistura.

08 novembro 2011

Cheiro.



Lá.
Lá.Tem.
Lá.Tem.Cheiro.

Tem cheiro de noites quentes e alaranjadas.
Cheiro de pizza e coca-cola.
Cheiro de TV, filmes e amigos.
Tem cheiro de cigarros na varanda.

Lá tem cheiro de incenso sempre aceso.
Tem cheiro de cachorro soprando com o focinho na fresta da porta.
Cheiro de tardes ensolaradas
Cheiro da sala invadida pela luz da tarde

Lá tem cheiro de novidade.
Tem cheiro de saudade.
Cheiro de silêncio.
E cheiro de passarinhos que te acordam de manhã.

Lá tem cheiro de primavera e de abelhas em flor.
Tem cheiro de café fresquinho.
Cheiro de chuva.
De bolinhos de chuva.

Tem cheiro de cama nova e de giz de cera.
Cheiro de nuvem e vento formando desenhos no céu.
Tem cheiro de sono e preguiça.
Cheiro de inspiração...

Lá.
Lá,Tem.
Lá.Tem.Eu.

01 novembro 2011

Sem fim.

Escrevo eu mesma nessas confusas e mal traçadas linhas.
Entremeio e entrelaço a música e a saliva.
Ouço passar o vento e sinto coisas que inevitavelmente ficaram para trás.

Agora a alegria desse silêncio fica por demasiado abstrato.
Visto de cima por seres imperfeitos,
Na serenidade dos sonhos de outrem.

Essa sensibilidade vulgar que me persegue arrepia todo meu corpo.
Agora eu sou toda poesia
Mas Pessoa já disse que poeta é fingidor.


Esse pensamento incerto de tudo garante uma estrela a mais no céu...

24 outubro 2011

Acordes





De noite tem sol e melodia.
Tem o doce sol da flauta.
Tem sonho e alma de mulher.
Lá tem primavera

Acordes.


13 agosto 2011

Azul Como Os Olhos Teus




Eu olho para o céu e o vejo...
Lembro daqueles olhos cor-de-céu e me sinto em paz...
Não tem como dizer que não dói, que não vai doer...

O sol vai voltar a aparecer e eu vou poder sorrir...
Mas você foi embora cedo demais...

É assim que eu o vejo...
E sei que de lá ele me vê...

E quando a brisa suave e o calor do sol tocam minha pele...
Eu sei que é ele dizendo que me ama...

... Me lembro de você em dias assim.
... E todos os dias eu o sinto.
... Amo você Pai!

08 agosto 2011

Mes nuits sont blanches


As minhas noites têm sido brancas e meus dias coloridos...
As cores que nunca me deixaram agora são mais vivas
e a claridade do sol invade minha cama.

Até o cinza tem olhos de mel,
As notas são mais claras e doces
Tudo tem mais vida!

Aquele som que me acalma sempre que me vejo perdida
O colo que acalenta sempre que o desespero me persegue
Os olhos que falam sem querer...

Gosto do que vejo,
Gosto da forma como me olha...
Gosto.

Mesmo do meu jeito torto,
De brinquedo quebrado,
De boneca que nunca soube amar...

E quando o domínio sobre a linguagem desaparece
O que era fácil sem complica
Então só restam as reticências...

Resolvi ser feliz porque é melhor para a saúde.


'Eu murmuro à sua orelha
Isso lhe faz rir como um sol.'

23 junho 2011

Sentindo Frio.


Dois corpos jogados unidos somente pelo braço.
Duas almas vazias vagando na escuridão de seus pensamentos.

Já não importa a rima...
O som...
A cor...

Mas dessa vez ela é roxa.
Vista através de quadrados distorcidos.

O corpo sem brilho completamente nu.
No vácuo do silêncio não se ouve nem sequer um suspiro, uma respiração,
Aquela que outrora era ofegante.

Já não escorre nem uma gota de suor.
E agora o sangue corre frio.

Eles não se reconhecem, agora são dois estranhos.
E amanhã nem se lembrarão que partilharam da mesma solidão.
Ele volta pra casa abatido.
Ela sentindo um vazio entre as mãos.

29 maio 2011

ELE ME DESEJA.


Ele me deseja.
Eu corro até a janela e me perco em meio às cortinas.
Mas que cortinas?
Minhas janelas não têm cortinas, aliás,
não tem nem janela.
Ele me corta como uma navalha
rasga meu corpo.
Escoa todo meu sangue.
Ele me deseja.
Um desejo tão forte, que me queima,
Num fogo que me arde.
Ele estupra minha alma.
Me rasga, me possui, ele possui meu coração.
Eu sinto meu corpo tremer e meu coração bate.
Ele pulsa.
E num súbito gemido, um grito um impulso.
Senti sua respiração ofegante.
Ele me deseja
Me provoca, me divide, me arrasta.
Em meio às cortinas e à janela que não existe.
Ele me deseja, cruza seus braços em mim.
E no meio da loucura, uma “luz escura”,
ele me sangra.
Agora, eu estou.
Agora, eu estou morta...
Assim... como ele me deseja.

16 maio 2011

Encantado.

Pois não tenha medo...
Podes adormecer em meus braços.
Aconchegue-se no meu calor.
Se teu sono estiver agitado, ouça minha voz no seu ouvido:
"Calma. Eu estou aqui!"
Fique tranquilo.
Sei que também tenho meus medos, eles ainda me assombram.
Ontem eu estava perdida em um quarto escuro...
Hoje ele é branco, mas ainda é vazio.
Mas sinto tanta vontade de me permitir, de parar de pensar.
Vontade que uma estranha energia louca me domine.
De não me preocupar com palavras e atitudes.
Vontade de ter 15 anos e viver tudo tão intensamente
que as pernas fiquem fracas.
Que a emoção esteja à flor da pele.
Vontade de não sentir vergonha.
De querer tomar tudo num gole só!
E que o tempo de temer tenha ficado pra trás.
Que a mente não dê voltas tentando entender o que não necessita de compreensão...
Mas se ainda assim você estiver dividido e temendo,
saiba que posso esperar.
Só não quero me arrepender depois de não ter lhe dito...
­- Vá!


05 maio 2011

Isso.é.só.um.desabafo.

"Deixe-me ir preciso andar, vou por aí a procurar... rir pra não chorar!"
Porque me sinto tão mal?
Tão insegura!
Queria me ver pelos olhos de algumas pessoas.
Tão bela, ácida e divertida, inteligente e sagaz, sexy e sensual...
"Apurada", "especial", "encantada", "única", "rara"...
"A rosa" de Pixinguinha...
E é assim que algumas pessoas me veem.
Talvez seja a distância, talvez seja o mistério.

Me pergunto, por vezes,  se eu não sou um monstro vestida de imaginação.
Que razão eu poderia ter em pensar que talvez se me conhecessem de verdade, veriam que eu devo ser esse monstro que é sempre abandonada na beira do altar...
Os olhos são para a outra, o gosto na boca ainda é o dela, o cheiro ainda está preso nos lençóis.

(Mas que fique bem claro. Isso.é.só.um.desabafo!)

01 maio 2011

Bêbada.Rouca.e.Louca.

Hoje não há compromisso com métrica,
Com forma,
Com razão...

Hoje só a fumaça, o vento frio na cara, a música e a loucura!
A tontura entorpecente, a felicidade que não tem fim.

Mais um trago, mais uma dose.
O foco no alto, chão é lugar de cuspir...

Em Bre A Ga Da.
Foi assim que surgiu, o corpo adormecido e a cabeça querendo gritar.
Cry baby... cry!

Hoje eu sou mais pura, mais intensa, mais eu.
E aquilo de outrora... FICOU PRA TRÁS!

O mundo gira dentro de mim.
Dentro, fora, explodindo em cor.

O doce som do B (si bemol) soando alto em meus ouvidos...

Ut queant laxis,
Resonare fibris,
Mira gestorum,
Famuli tuorum,
Solve polluti,
Labii reatum.

E que sentido espero eu?
Só sentir, sem sentido, sem razão, sem postura, sem voz.

Bêbada, rouca e louca.
O corpo jogado, nú, sem amarras, sem preconceitos.
Sem vergonha... sem razão.

HOJE... eu sou mais eu!

29 abril 2011

Paradoxo da Liberdade

Viagem.
E que viagem...
Não no sentido de ir, mas de ir além.
Entre mortos e feridos salvaram-se todos;
E entre procurar e não achar e achar sem procurar,
Descobri que quanto mais eu queria e me preocupava,
Menos eu achava e talvez nem queria.
Na minha frente vi como que refletido em um espelho reverso a contradição.
Um senhor sentado num banco ao longe... longe
E eu ali, tão perto, mas também tão longe envolvida na sua lonjura
Ele de olhar tão perdido, que, mesmo se eu também me perdesse não o encontraria.
A liberdade infantil que aborrece a adolescente preocupada, atrasada, conferindo o relógio...
Conferindo o relógio, conferindo o relógio.
A porta abriu.
_Ufa!
Ela finalmente pôde ir, e foi!
...Conferindo o relógio...
Levou consigo sua pressa, sua vida.
Três sinais
A porta se fechou.
(suspiro)
Me senti só!
E deu-se como um estalo em minha cabeça.
Vazio.
Foi o que eu senti, V A Z I O, vazio... em letras garrafais.
Aquele senhor já se levantara com tremenda dificuldade e também se foi, desceu no paraíso... podia ser verdade.
A criança carregou sua mãe pela mão numa euforia de dar gosto.
No médico é que ela não estava indo.
O que será que aconteceu com a adolescente que conferia o relógio?
Tantas pessoas perdidas na confusão dos seus pensamentos, das suas vidas
E a MALDITA música que não para de tocar!

_"Alguém, dê um fone de ouvido pra esse bosta, por favor!"

Aos trancos e barrancos tentando me fazer surda consegui desligar meu mecanismo e voltei ao meu "infinito particular"
Agora é a minha vez.

_"Hora de descer!"

Três sinais
A porta se abriu e eu engoli seco...

_"E agora?"

Só saí e não consegui fazer mais nada, fiquei parada, estática, como se tivesse virado pedra.
Essa minha odisséia tinha ido longe demais.
Engano o meu...
Um homem se aproximou, claro.
Engravatado
Gordo
Com a testa suada e
Com uma lata de cerveja na mão, bebendo, bebendo, bebendo.
Até parecia que aquilo era a salvação da vida dele, c o m p u l s i v a m e n t e
Fazia muito calor e eu posso jurar que eu me ouvi pensando...
_Por favor eu não.
_Por favor, eu, não!
Pronto, agora o cara resolveu me cantar.
E me solta a frase célebre de quem não tem assunto... Com voz de dublador ruim.

_"Tá esperando alguém?"

Eu não sabia se ria, se chorava ou se emprestava uma toalha pra ele se enxugar.
Mas não podia me esquecer do que me levara até lá.
A minha odisséia!
Okay!
Resolvi me aproveitar da situação.
Eu precisava encontrar algo que me inspirasse, que me ajudasse a entender o que é liberdade, de onde vem, pra onde vai.
Eu não tinha nada a perder, o mal já estava feito, ele estava do meu lado e pelo que pareceu, dali não sairia tão cedo.
E de mais a mais um grito e tudo se resolveria.
É... pelo menos eu acho.
De súbito eu lhe disse.

_"Posso te fazer uma pergunta? Além dessa, claro!?"
_"O que é liberdade pra você?"

Ele estava mais preocupado em olhar para os meus peitos.
Ele percebeu quando o fitei e se desmontando na sua própria censura tentou pensar rápido, disse como que vomitando a palavra.

_"Deus"

Fiquei atônita.

_"Deus?"

Deus é sinônimo de liberdade?
Não sou religiosa, mas tudo que sempre ouvi partia do princípio contrário.
Acho que meu peitos atrapalharam seu raciocínio...
A frase "Não dê pérolas aos porcos." nunca veio tão bem a calhar!

_"Amigo, continuar olhando para os meus peitos não vai ajudar."

Pareceu que os meus peitos não saiam da cabeça dele.
Ele ficou rosa... como tinha que ser!
Com um único ato de cavalheirismo ele se virou e também foi.

Silêncio.
Mas só na minha cabeça.
Ainda estava atordoada com a nova informação.
Alguém achar que Deus é libertador e pensar:
_"O que os meus peitos tem a ver com isso?"
(Mais uma vez atônita, boca entre aberta sem conseguir respirar)
Nossa!
Eu ainda não sei em que pensar, poderia ficar horas filosofando, debatendo, descobrindo.
Mas será que alguém pode definir a liberdade?
Onde encontrá-la e como viver isso tão plenamente, se já ao nascer ganhamos uma amarra da vida.

_"O que é liberdade?"
_"Quem é verdadeiramente livre?"
_"O que é liberdade pra você?"

Agora faço todo o caminho inverso, quem sabe de trás pra frente eu não encontre algo que perdi ou que se perdeu de mim.




09 fevereiro 2011

"ELE" EM FOCO.




Ele se mostra através das minhas retinas.
A mesma que eu sonhara que imprimisse imagens

Quisera eu, que todos a seu modo, também pudessem ver.



Está na simplicidade.

Ele se mostra nos contornos.

No calor e no aconchego do sono tranquilo.



É a substância de que a alma é feita.

Bela é a retina que pode ver essa pureza.

Me surpreende e ainda toca.



Ele ainda tem seu lugar no vai e vem da metrópole que não pode parar

É inspiração para olhos cansados e marejados.



Está em toda parte, em todo canto

Ele quer ser notado, interferido, sentido...



Surge como um flash

Naquele instante em que o mundo parou



Ele se mostra em detalhes, nas curvas e acentos

E só pede um segundo de atenção.

Ele vem na contra mão

Passeia por ruas tortas, por vagas lembranças, remotas, mas sempre presentes.



É presente!



Sorte daquele alí em foco que pôde ver

Ele nem se vê e já foi

Foi com o calor, com o tráfego, com a pressa

Ficou como figura, como passagem...



Mas foi.

05 fevereiro 2011

A menina dos dedos cor-de-rosa.








De toda sua delicadeza ela se despiu.
Desnudou sua alma, peça por peça.

A menina dos dedos cor-de-rosa não quer mais alimentar o sol.

Ela engoliu seu sopro.
Justo ela, que pastoreia as nuvens.

Cobre o céu com colorido das pontas dos dedos

Ela tem surtos de delírio
Justo ela, que sorri sem motivo.

Ela tem o toque suave
E o encantamento daqueles que brilham.

A menina encantada não quer mais amanhecer.
Mais uma vez molhou sua face, jurando com rubor de alma secar suas lágrimas.

Ela enche de alegria os olhos dos outros
Justo ela, que nunca foi tocada

Ela espera pela noite
Espera que um dia possam se encontrar.

Sempre tão perto, sempre tão longe... sempre na espera.







29 janeiro 2011

Ainda se diz eu te amo?




EU TE AMO

NÃO COM LEVIANIDADE DE UM DIA

NEM COM A FORÇA DE UMA TEMPESTADE.

MEU AMOR POR VOCÊ É COMO UM RAIO DE SOL

QUE ENTRA PELA VELHA JANELA DE UMA IGREJA;

COMO UM SORRISO DE CRIANÇA QUE NOS PERMITE UM NOVO DIA!

NÃO ESPERO O FIM DOS MEUS DIAS,

MAS SIM O FIM DO AMOR EM MEUS DIAS...

E NÃO FALO DESSE AMOR HIPÓCRITA,

FALO DE UM ÁTOMO DESSE SENTIMENTO QUE SINTO POR VOCÊ!

Todo homem é uma ilha.


Não vivi tanto tempo assim
Mas já vi tantas coisas que quase me fizeram desistir
Vi ricos caírem
Corações se partirem
Seres Humanos se traírem.

Vi a natureza se vingar
O forte fraquejar
O brilho se apagar.

Já vi o céu desistir
O inverno persistir
E a vida ruir.

Já presenciei tanta dor que nem sei
Já quis fugir, mas não tentei.
Já me feri e não curei.

Tantas vezes a beleza se acabou
E eu me desiludi.

Mas estranhamente me pus de pé
Com os olhos fixados no céu
Impenetráveis como um Moai
Fechei meus ouvidos,
Mas abri meu coração.

28 janeiro 2011

TRIBUTO



Ali estou...
Me perdendo no fundo azul dos seus olhos.
Um mar de prazer sem fim.
Sentindo um arrepio pelas minhas veias,
enquanto o sangue arde.
Tenho febre e surtos de delírio.
Me afogo nesse infinito de pupilas...
Supero o imaginável, me quero incontrolável.
Nesse verso, misturo fantasia e realidade.
E mesmo assim meu corpo se entrega.

Me envolve nesse olhar,  nesse abraço quente.
Como um casulo, feito por quem quer proteger.
Me torna toda azul.
Como o céu, o sol, a mar.