Pudera eu tocar
a Aurora
e ver tudo mudar de cores...
Elas que sempre me acompanham.
Pudera eu tocar em uma bolha de
sabão.
Assim, com o indicador...
E ter todas as partículas
evaporando em brilho.
Aquele brilho antigo e antiquado
que faz com que as coisas tenham
um sabor diferente.
E sentir o cheiro da chuva
caindo sob o corpo em uma tarde
quente de verão.
Pudera eu ouvir uma sinfonia nova
ao longe
e saber que ela foi feita para
mim.
Daquelas que enchem os olhos
d'água.
Que faz o coração acelerar.
E o corpo estremecer.
Só que de pudera a gente não vive.
E de viver de pudera a vida se
esvai.
Não sobra nenhum sentido.
Nem cinco, nem um.
Nem cinco, nem um.
Mas de poder os sentidos voltam
A vida se reconstrói.
Sobram os cinco e mais
"uns".