15 julho 2015

O Mais Absoluto Som Do Silêncio.

Eram horas tardias, como de costume.
O vento travava uma luta contra as folhas das árvores.
... Não haveria vencedor dessa vez.

A noite foi invadida pelo ladrar de cães irritadiços.
A essa altura só o sussurro agonizante do tempo pairava no seu ventre.
Como a areia que escorre com ânsia pelo vidro
Almejando encontrar o sul pra recomeçar.

Foi assim, nessa noite com ausência de cor (como suas unhas)
que ela compreendeu a distância.

As notas de verbena reverberavam pela sua memória.
Cada esquina da cidade luz se fazia presente.
A tal ponto, que quase se podia tocar.

A saudade a abraçou e brilhou com tanta força
Que absorveu toda a escuridão.
Então já era manhã.

Agora dentro dela era quente
E suas lembranças tinham gosto de leite com mel.

Au Revoir.

#France 

15 fevereiro 2015

IN.SONE

O silêncio da madrugada ensurdeceu meus olhos de oceano.
Nada mais faz sentido.
Nem as cores que agora se perdem no breu.
Era pra ser só mais uma madrugada insone, mas meu mundo virou do avesso e esse não era meu lado certo.
O amarelo batendo à porta do passado.
O menino de vidro que volta e meia vive a me assombrar.

Não chore criança, não chore.
O sol vai se chocar com o arco.
E todos os sentimentos voltarão para as suas devidas caixas.
É triunfo.
Que todas as saídas a partir de hoje sejam sortie!
E que nem menos doze, esfrie de volta esse coração.
As mãos dadas voltarão a andar em vielas, nas minúsculas ruas, nas ladeiras e escadas intermináveis.
O quarto estará sempre quente, com chá a espera e delícias para adoçar o céu.
Da boca emergem palavras de amor.
Que engraçada essa palavra!

Ame criança, ame.
O barulho da madrugada acalmou meu coração.
As coisas começaram a fazer sentido e agora as cores emergem do breu.

Mas, por Deus!
Era só pra ser uma madrugada insone...