Ele me deseja.
Eu corro até a janela e me perco em meio às
cortinas.
Mas que cortinas?
Minhas janelas não têm cortinas, aliás,
não tem nem janela.
Ele me corta como uma navalha
rasga meu corpo.
Escoa todo meu sangue.
Ele me deseja.
Um desejo tão forte, que me queima,
Num fogo que me arde.
Ele estupra minha alma.
Me rasga, me possui, ele possui meu coração.
Eu sinto meu corpo tremer e meu coração bate.
Ele pulsa.
E num súbito gemido, um grito um impulso.
Senti sua respiração ofegante.
Ele me deseja
Me provoca, me divide, me arrasta.
Em meio às cortinas e à janela que não existe.
Ele me deseja, cruza seus braços em mim.
E no meio da loucura, uma “luz escura”,
ele me sangra.
Agora, eu estou.
Agora, eu estou morta...
Assim... como ele me deseja.